Tabaco é o nome comum da planta Nicotiana tabacum, uma planta herbácea perene (ciclo de vida longo), da família das Solanáceas, oriunda da América tropical. O seu comprimento varia de 50cm a 3m de altura e possui uma raiz larga e fibrosa. As folhas inferiores são verdes e grandes (30-40cm de comprimento e 10-20cm de largura) e as folhas superiores ligeiramente menores. Dependendo da espécie, as flores podem ser verde-amareladas ou rosa. A planta emite um odor intenso devido a nicotina nela contida.
Muito se sabe sobre os prejuízos do tabaco para a saúde, no entanto, poucos sabem do seu impacto no ambiente, e que na verdade acontece durante todo o seu ciclo de vida (desde o processo de plantação até ao seu descarte).
Danos causados ao ambiente durante a plantação de tabaco
Para a plantação de tabaco, várias regiões são desmatadas, o que provoca desequilíbrio ambiental. Este abate indiscriminado de árvores para o cultivo de tabaco tem sérias consequências ambientais, incluindo a perda da biodiversidade, erosão e degradação do solo e influencia negativamente o aquecimento global e as alterações climáticas.
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que, a cada ano, cerca de 200 mil hectares de matas e florestas são destruídos no mundo para dar lugar a plantações de tabaco. A Action on Smoking and Health (ASH) também abordou este aspecto entre vários outros.
As plantas de tabaco usam mais nutrientes do que muitas outras culturas, o que leva a uma maior degradação do solo. Além disso, o tabaco é uma planta extremamente susceptível ao ataque de pragas e doenças, e consequentemente, os produtores de tabaco usam grandes quantidades de fertilizantes e agrotóxicos que são perigosos para o ambiente e para o ser humano. Os produtos químicos presentes nos agrotóxicos e fertilizantes penetram no solo e nos cursos de água, contaminando-os e afectando até a cadeia alimentar. O plantio e a produção do tabaco também requerem o uso excessivo de água e energia.
Impactos negativos durante a secagem das folhas de tabaco
Depois de colhidas, as folhas da planta precisam ser curadas (secas), e na maioria das vezes, os agricultores secam as folhas em estufas que utilizam lenha para acelerar a secagem das folhas. De acordo com a empresa americana produtora de tabaco Philip Morris International, são necessários cerca de 10kg de madeira para curar 1kg de folhas de tabaco. Esta prática, intensifica ainda mais a desflorestação e emite gases de efeito estufa para a atmosfera, novamente condicionando o clima e impactando outros aspectos, como já acima mencionados.
O cigarro e as suas consequências para o ambiente e saúde
O tabaco é a matéria prima principal para o fabrico do cigarro. O processo de fabricação, consumo, até o final da vida deste produto polui muito o ambiente. Só na produção gera grandes quantidades de resíduos na forma de pastas de tabaco, solventes, óleos, papel, madeira, plásticos e materiais de embalagem.
O cigarro é composto por muitos produtos químicos, como a nicotina, monóxido de carbono, alcatrão, polónio 210, chumbo, níquel, entre outros.Alguns destes compostos são provenientes do próprio tabaco e outros são adicionados ao cigarro durante a produção.
Durante a combustão do cigarro (quando queimados), as substâncias presentes no tabaco, assim como as que são adicionadas em sua produção, sofrem reacções que originam compostos secundários, e estes compostos vão para a atmosfera em forma de gás e contribuem para a poluição do ar.
Um resíduo comumente encontrado nas ruas são os filtros do cigarro, que são descartados de forma inadequada pelos fumadores. O núcleo dos filtros da maioria dos cigarros (parte que parece algodão branco) é na verdade um tipo de plástico chamado acetato de celulose.
Por si só, o acetato de celulose demora muito para se degradar. Dependendo das condições climáticas da área em que o filtro do cigarro é descartado, a sua composição pode levar entre 18 meses a 10 anos para se decompor. Mas isto não é o pior! Os filtros de cigarros usados estão cheios de toxinas, e quando descartados, não contêm só plástico, mas também a nicotina, os metais pesados e muitos outros produtos químicos que podem penetrar nos solos, mares, rios, etc., e prejudicar os organismos vivos que entrem em contacto com eles, ou que os confundam com alimento. As beatas de cigarro também são causadoras de incêndios florestais, que causam perda de biodiversidade, perda de habitat, poluição do ar, desflorestação e morte de seres humanos e animais selvagens.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos morrem mais de 8 milhões de pessoas no mundo, como consequência do fumo do tabaco. Dessas mortes, mais de 7 milhões são o resultado do uso directo do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão são o resultado de não-fumadores expostos ao fumo passivo. Os poluentes do cigarro dispersam-se no ambiente, fazendo com que os não-fumadores próximos ou distantes dos fumadores inalem também as substâncias tóxicas.
Tabagismo em Angola
Dados do Instituto Nacional de Estatística (2015/2016) informam que a grande maioria dos angolanos não fuma (86% dos homens e 98% das mulheres). Entre os fumadores, 9% dos homens e 1% das mulheres fumam diariamente.
Mais de 70% dos doentes que dão entrada no Hospital Sanatório de Luanda com problemas respiratórios, sobretudo relacionados com a tuberculose, faziam uso de cigarros, revelou ao Jornal de Angola o médico especialista em medicina interna e chefe de serviço da unidade hospitalar, Afonso Wete, em 2019.
Angola ratificou a Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco em 2007, mas as políticas definidas na convenção que visam a prevenção e controlo eficaz do tabaco, não foram totalmente implementadas. Não se verificou até hoje o maior rigor com a tributação, avisos de saúde nas embalagens de produtos de tabaco, e proibições de publicidade, promoção e patrocínio de tais produtos. Para além disso, os preços baixos e o fácil acesso aos cigarros impulsionam o aumento de fumadores em Angola.
Tendo em conta as condições precárias de saneamento básico em Angola e o fraco sistema de recolha e separação de lixo, a questão ambiental do tabaco merece maior atenção, visto que os resíduos do cigarro já são facilmente encontrados nas ruas.
O Dia Mundial Sem Tabaco (31 de Maio), foi instituído em 1987 pela OMS como um alerta sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas com o tabagismo. Tudo sobre o tabaco causa impactos negativos ao ambiente e ameaça a vida em nosso planeta.
Diga NÃO ao tabaco, pelo ambiente e pela sua saúde.
Podem fazer aqui download de uma Revisão feita pela Organização Mundial da Saúde em 2017 sobre os Impactos Ambientais do Tabaco.
Colaboradora voluntária na EcoAngola e estudante de Engenharia Ambiental no Instituto Superior Politécnico Católico de Benguela (ISPOCAB). Tem gosto em educar sobre a importância de preservarmos o meio ambiente e a sua biodiversidade, porque o ambiente é a base da vida, e se não começarmos a cuidar melhor do ambiente, a espécie humana e não só, podem entrar em extinção.