O Reino do Butão é um país dos Himalaias, entre a China e a Índia, com pouco mais de 750,000 habitantes. Ao longo da história, este pequeno país tem tido monarcas admiráveis que têm sido capazes de balancear o crescimento social e económico do país com a sustentabilidade ambiental e a preservação da sua cultura. Esta filosofia de liderança foi nomeada Gross National Happiness (GNH) pelo quarto rei de Butão, Jigme Singye Wangchuck, em 1972. Este rei apercebeu-se de como outros países se focavam no desenvolvimento económico de suas nações, onde alguns habitantes tinham uma vida confortável enquanto outros viviam em extrema pobreza e em isolamento em relação ao resto da sociedade. Para além disto, este rei também notou que outros países e governos sacrificavam o ambiente para atingir as metas económicas estabelecidas. O Butão não podia seguir este destino. Consequentemente, a filosofia GNH foi lançada onde o desenvolvimento do país é essencialmente medido de acordo com a felicidade dos seus habitantes, ao contrário de ideologias baseadas no Gross National Product (GNP) onde os valores que importam são os dos produtos e serviços e não o das pessoas.
Apesar da sua pequena economia, no Butão a educação é grátis para todos os seus cidadãos. Para aqueles com um empenho académico mais notável, a universidade também é gratuita. A assistência médica e medicamentos são livres de custos para a população.
Cerca de 72% da vegetação do Butão é protegida pela sua constituição, onde diz que pelo menos 60% da terra de Butão deve ser conservada. Esta é uma das principais razões pela qual o Butão emite zero CO2 (dióxido de carbono). De acordo com o primeiro ministro deste admirável país, Tshering Tobgay, entre 2.2 milhões de toneladas e 1.7 milhões de toneladas de dióxido de carbono foram emitidas pelo Butão em 2016, enquanto que as suas florestas são capazes de captar três vezes o CO2 emitido. Para além disto, o Butão exporta parte da sua energia hidroelétrica ajudando os seus países vizinhos a evitar a emissão de 6 milhões de toneladas de CO2.
De acordo com o seu primeiro ministro em uma TED Talk em 2016, o Butão tem como meta exportar energia suficiente para evitar aproximadamente a emissão de 17 milhões de toneladas de CO2 até 2020. Se o Butão conseguisse exportar 50% da sua energia hidrelétrica, poderia prevenir a emissão de cerca de 50 milhões de toneladas de dióxido de carbonoanualmente – mais CO2 do que aquele emitido pela cidade de Nova York (EUA). O Butão é considerado CO2 negativo, pois captura todo o CO2 emitido e exporta a sua energia renovável para que outros países possam reduzir também as suas emissões.
Apesar da sua contribuição para um mundo mais sustentável, infelizmente o Butão também paga as consequências do aquecimento global. Os seus glaciares estão a derreter causando inundações e deslizamentos de terras criando situações desastrosas no país, que é rico em montanhas.
Desde a Conference of the Parties (COP) 21 em 2015, o Butão passou a ganhar mais atenção e tornou-se numa inspiração para outras nações. Alguns exemplos do que este pequeno país faz para manter uma relação mais saudável com o ambiente, incluem o fornecimento de energia gratuita para os agricultores, os subsídios para compra de veículos elétricos, e a plantação de árvores interconectando as áreas já protegidas o que permite que os animais se desloquem pelo pais sem a necessidade de cruzar zonas urbanas.
A pequena economia do Butão é bastante afetada pelas mudanças climáticas pelas quais não é responsável. Para continuar a viver em harmonia com a natureza, o Butão elaborou um plano para promover a sustentabilidade antes que os seus recursos económicos terminem. Em 2015, os líderes deste país inspirador criaram o Bhutan for Life com a ajuda do World Wild Fund for Nature (WWF) que tem com objectivo atingir a sustentabilidade económica do país nos próximos 15 anos, que é o tempo estimado para que o Butão consiga sustentar a sua proteção ambiental por si só. Os fundos serão fornecidos por doadores individuais e instituições e só serão utilizados após cumprir certos requisitos, de forma a transmitir segurança aos doadores de que os fundos estão a ser bem usados. E assim, mais uma vez, o Butão continuará com o fascinante trabalho em conservar a natureza e manter seus cidadãos felizes.
Podemos concluir que o Butão é um pequeno país com uma pequena economia, e mesmo assim mantém-se fiel à sua filosofia GNH e a continuar a ser um país com produção de CO2 negativa. Imaginem até aonde países com economias maiores poderiam chegar se seguissem a filosofia do Butão? Pelo menos poderiam contribuir para a redução das suas emissões de CO2 e das emissões de CO2 dos países vizinhos e menos afortunados.
Colaboradora voluntária da EcoAngola e licenciada em Ciências Geofísicas pela Universidade de Leeds.