As girafas são os mamíferos mais altos do mundo, têm pernas longas e resistentes, sendo as anteriores mais longas do que as posteriores. São animais de natureza pacífica mas bastante curiosas.
Os seus cornos, chamados ossicones, são protuberâncias ósseas cobertas de pele e pêlo, e são finos e adornados. Elas têm lábios grossos e possuem uma língua comprida e manchada de até 45cm de comprimento, com revestimento de queratina que a protege dos espinhos das acácias.
No geral, as girafas apresentam uma pelagem manchada, com variação no seu padrão, auxiliando na camuflagem nos diferentes habitats. O padrão de pele é constante ao longo da sua vida.
A girafa angolana era atribuída à subespécie Giraffa camelopardalis angolensis, mas há autores que a classificam como Giraffa giraffa angolensis. Esta espécie, alimenta-se preferencialmente de folhas de acácias e rebentos.
Reino: Animalia |
Filo: Chordata |
Classe: Mammalia |
Ordem: Cetartiodactyla |
Família: Giraffidae |
Género: Giraffa |
Espécie: G. camelopardalis |
Subespécie: G. c. angolensis |
Distribuição geográfica e habitat
As girafas são encontradas em savanas, pradarias ou florestas abertas. Como bebem apenas ocasionalmente, podem ser encontradas longe de uma fonte de água. Os machos podem aventurar-se em áreas arborizadas mais densas em busca de mais folhagem.
A girafa angolana é nativa de África, encontrada principalmente ao sul do Saara, distribuída pela Zâmbia, Botswana e Namíbia. Em Angola, eram encontradas nas províncias do Cunene (Parque Nacional da Mupa) e do Cuando Cubango (Parque Nacional de Luengue-Luiana) porém, levantamentos recentes consideram a espécie extinta no PN da Mupa, mas foram obtidos registos da persistência da mesma no PN de Luengue-Luiana (Huntley, B., 2019 no livro Biodiversidade de Angola). É importante realçar que as girafas no Parque da Kissama não são girafas Angolanas, mas são girafas sul africanas que foram reintroduzidas neste habitat. Muitas pessoas não sabem distinguir a pelagem delas, mas explicamos mais sobre as diferenças abaixo.
Etologia, ecologia e alimentação
As girafas são animais sociais, que vivem em rebanhos soltos, abertos e instáveis, variando de 10 a 20 indivíduos, podendo também ser encontrados isolados na natureza. Descansam em pé, a cabeça fica em uma perna traseira, com o pescoço formando um arco, mas ocasionalmente podem deitar-se. Quando se deitam demoram para se levantar, podendo facilmente ser atacadas por outro animal mais ágil. Geralmente, em um rebanho, quando as girafas se deitam, um membro do grupo fica acordado para vigiar.
Elas não precisam de longos períodos de descanso, dormindo apenas 30 minutos por dia. No ambiente natural, são alvos fáceis para predadores e precisam de permanecer alerta contra possíveis ataques. Por isso, fazem pequenos descansos de 5 minutos, totalizando meia hora diária.
As girafas são animais herbívoros, alimentando-se de folhas, flores, vagens e frutas. Embora alimentem-se de uma grande diversidade de plantas, têm preferência pelas Acácias. São animais ruminantes e por isso mastigam a comida enquanto viajam, e isso ajuda a maximizar as suas oportunidades de alimentação. Tem língua longa, focinho estreito e lábio superior flexível para ajudar a obter folhas das árvores altas. Elas são bastante selectivas ao alimentar-se, escolhendo a folhagem com maior valor nutricional, que estão situadas a uma altura de 2 a 5m, evitando competir com outros herbívoros que apenas chegam a vegetação mais baixa. Devido à grande percentagem de água existente no seu alimento, as girafas conseguem manter-se sem beber água durante longos períodos de tempo.
Reprodução
Apresentam reprodução poliginosa (um macho acasala com várias fêmeas). O cortejo começa quando um macho se aproxima da fêmea para realizar um teste de urina (para saber se ela está no cio), cheirando a urina com uma acentuada curvatura labial, um comportamento conhecido como reflexo de Flehmen. O macho começa a esfregar a cabeça perto da garupa (parte posterior) da fêmea e a apoiar-se nas suas costas. Se a girafa for receptiva, circunda o macho, assume uma posição de acasalamento e a cópula ocorre.
A gestação ocorre na estação chuvosa, com o nascimento nos meses secos (de Maio à Agosto). As girafas reproduzem-se em cada 20 a 30 meses e o período de gestação é de cerca de 457 dias. Dão à luz em pé ou andando e o filhote cai de uma altura de 2m até ao chão. Na maioria das vezes nasce uma única cria. Gémeos são raros, mas ocorrem.
Estado de conservação
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o estado de conservação da Girafa Angolana é considerada ameaçada de extinção, em estado vulnerável (VU), mas na lista vermelha de espécies de Angola é categorizada como ameaçada de extinção, mas em perigo (EN). As principais ameaças à Girafa Angolana são a perda de habitat, a fragmentação de subpopulações, a caça (muitas vezes para extracção de sua pele, grossa e resistente, alimentação e venda de outras partes) e o risco potencial de hibridação (reprodução de animais de espécies diferentes) com outra subespécie.
Embora actualmente a caça, venda e consumo de girafas seja ilegal, o aumento da população humana adjacente aos habitats da girafa tem influenciado na sua caça e isto poderá ameaçar a sua conservação. Actualmente, o comércio local ou internacional de produtos é desconhecido, e por isso é necessário que se efectuem estudos mais profundos sobre o estado de conservação das populações de girafas em Angola.
Quais as diferenças entre as espécies de girafas?
Por muito tempo considerou-se que as girafas actuais eram constituídas por uma única espécie. Até que um estudo feito em 2016 demonstrou que, apesar da semelhança na aparência, há grandes diferenças genéticas entre grupos de girafas. A principal diferença entre as espécies de girafas está no padrão de pele, cujas manchas podem ser pequenas, médias ou grandes.
Existe ainda muita controvérsia quanto à classificação das espécies de girafas mas, de acordo com a Fundação de Conservação da Girafa, é geralmente aceite que exista uma espécie de girafa – Giraffa camelopardalis – e esta tem nove subespécies:
- Giraffa camelopardalis camelopardalis (girafa-núbia)
- Giraffa camelopardalis giraffa (girafa sul-africana)
- Giraffa camelopardalis reticulata (girafa-reticulada)
- Giraffa camelopardalis rothschildi (girafa de Uganda ou girafa de Rothschild)
- Giraffa camelopardalis thornicrofti (girafa-da-rodésia ou de Thornicroft)
- Giraffa camelopardalis tippelskirchi (girafa Masai ou do Kilimanjaro)
- Giraffa camelopardalis angolensis (girafa angolana)
- Giraffa camelopardalis antiquorum (girafa Kordofan)
- Giraffa camelopardalis peralta (girafa-do Chade ou da Nigéria)
Curiosidades
- Assim como as impressões digitais humanas e as listras da zebra, o padrão de pelagem de uma girafa é exclusivo para cada animal;
- As girafas são animais silenciosos e não emitem nenhum barulho característico que o ouvido humano possa captar. Isso ocorre porque as girafas comunicam-se usando ruídos que são muito baixos para nós;
- Apesar de não parecer, esses animais são muito rápidos graças às suas longas pernas. Elas podem correr a uma velocidade de até 56 km/h em tiros curtos.
- Quando girafas bebés vêm ao mundo, não há tempo para relaxar: elas começam a vida com uma queda de quase dois metros e antes que possam perceber, a sua mãe tenta forçá-las a levantar-se, chutando e empurrando-as, com medo de predadores. Depois que eles se levantam, instantaneamente começam um curso de sobrevivência, com chutos da mãe repetidamente para obrigá-las a ficar em pé.
Colaboradora voluntária da EcoAngola e estudante da Universidade Agostinho Neto, Faculdade de Ciências no curso de Biologia. "O meu objectivo é fazer as pessoas perceberem a importância de preservarmos o que a Terra tem de melhor, os nossos oceanos, os nossos rios, que dão vida à vida. Quero que paremos de pensar no dinheiro e aprendamos a dar valor ao que temos".