Os Agapornis são muito conhecidos mundialmente, pois pertencem a uma família de aves denominadas de psitacídeos, que incluem os famosos papagaios, periquitos comuns e araras. São conhecidos pelas suas características tanto físicas como comportamentais. O nome Agapornis origina do grego antigo ágape– amor e ornis– pássaro, ou seja, pássaros de amor ou Lovebirds.
Este artigo visa informar as características gerais das aves Agapornis, sua ecologia, estado de conservação e a zona de ocorrência em Angola.
Características gerais dos Agapornis
Agapornis é um género de aves da família dos psitacídeos de pequeno porte, com tamanho médio de 15 cm (podem chegar aos 19 cm, dependendo da espécie) e pesam mais ou menos 50 gramas. Apresentam plumagem geralmente colorida, bico curvo e pernas com tarsos curtos e dedos oponíveis (Dirk, 2012).
São pássaros um pouco barulhentos e activos, tanto em cativeiro como na natureza, mas ao mesmo tempo muito afectivos, quer seja com o criador como para outras aves, por esta razão também são chamados de inseparáveis, aves do amor ou ainda periquitos do amor (lovebirds), pois geralmente vivem em forma de casal e/ou em bandos (Alfabetopet, 2018).

Fonte: Inaturalist (2014)
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Psitaciformes
Família: Psittacidae
Género: Agapornis(Selby, 1836)
De acordo Dirk (2012), o género Agapornis possui nove espécies, que podem ser diferenciadas pela coloração da plumagem, comportamento com as demais aves, alimentação e, principalmente, pela forma de acasalamento.
Estas espécies são:
- Agapornis pullaria ( Lineu , 1758 )
- Agapornis cana (Gmelin, 1788)
- Agapornis taranta ( Stanley , 1814)
- Agapornis swindernia (Selby, 1836)
- Agapornis fischeri (Reichenow, 1887)
- Agapornis nigrigenis (Sclater, 1906)
- Agapornis lilianae (Shelley, 1894)
- Agapornis personata (Reichenow, 1887)
- Agapornis roseicollis ( Veiillot , 1818)

Fonte: Mulher Portuguesa (2021)
Os Agapornis são aves nativas de África, sendo que uma espécie é exclusiva da ilha de Madagáscar (Agapornis cana) e as demais são encontradas na região continental. As espécies mais comuns são: o Agapornis roseicollis, que pode ser encontrada em Angola e na Namíbia, e o Agapornis personata, endémica da Tanzânia (Alfabetopet, 2018).

Fonte: Casadospassaros.net (2022)
Etologia, ecologia e reprodução
Em seu meio natural, estas aves vivem em pequenos bandos, e geralmente em zonas áridas e arborizadas. São aves principalmente granívoras, pois grande parte da sua alimentação é baseada no consumo de sementes, mas podem também se alimentar de verduras e frutas.

Autor: Nuno Veríssimo | Fonte: Inaturalist (2014)
A maioria das espécies de Agapornis não apresentam dimorfismo sexual (distinção de macho e fêmea), e a época de acasalamento ocorre entre Julho e Setembro, com 4 a 5 posturas por ano, sendo postos em média 5 ovos em cada uma delas, que eclodem em 21 a 23 dias. A fêmea faz o ninho com folhas de palmeira, fibras de coco, ramos de pinheiro, entre outros materiais da flora do seu meio natural (Dirk, 2012).
Após o acasalamento, o casal de aves dificilmente se separa, permanecendo unidos até morrerem. Macho e fêmea alimentam-se um ao outro com maior frequência na época de acasalamento. Em cativeiro dois machos ou duas fêmeas podem se comportar de forma homossexual se não tiverem acesso a parceiros do sexo oposto. Essa necessidade de viver aos pares leva a que sejam conhecidos por Inseparáveis ou Aves do Amor (Lovebirds), característica que dá nome ao género.

Autor: David Bygott | Fonte: Inaturalist (2017)
Do ponto de vista ecológico, os Agapornis são aves que servem como bioindicadores de conservação, pois mantêm o equilíbrio dos ecossistemas, funcionando como dispersor de sementes e, assim, permitem a reprodução e manutenção de várias espécies vegetais. Também podem intervir na regeneração de áreas degradadas e a sua posição na cadeia trófica é essencial para a manutenção das populações de vários outros animais.
Agapornis e outros psitacídeos
Muitas vezes os periquitos-do-amor (Agapornis) são confundidos com os demais representantes da Família Pscittacidea, como os papagaios, outros até chegam a chamá-los de papagaios do amor. Na verdade, tanto o termo papagaio como periquito não correspondem a nenhuma classe taxonómica.
Popularmente, a palavra “papagaio” é o nome comum de diversas espécies do género Amazona, Cyanoliseus e Psittacus. Já a palavra “periquito” é usada principalmente nas espécies menores de psitacídeos de pequeno porte com cauda longa, plana e cónica, onde incluem os géneros Agapornis e Melopsittacus, entre outros.
No género Melopsittacus, temos o periquito-australiano ou periquito-comum (Melopsittacus undulatus), que é uma ave muito confundida com os Agapornis, mas diferencia destes pelo som que emitem durante o voo, pelo porte do corpo (envergadura maior que os Agapornis) e pelas riscas onduladas presentes na zona dorsal.

Agapornis em Angola
Para Angola são descritas duas espécies de Agapornis, sendo o periquito inseparável-de-Angola ou periquito-republicano (Agapornis roseicollis) e o periquito inseparável-de-cabeça-vermelha (Agapornis pullaria) (Dirk, 2012; Animailia, 2023).
A espécie Agapornis roseicollis é originária das regiões semidesérticas de Angola, como Namibe e Cunene, e pode ocorrer também na Namíbia e na África do sul. É uma das espécies de aves mais criada em cativeiro, de maior número de representantes e a mais popular no mundo. Mede 15 a 17 cm, seu peso normal é de 45g e não apresenta dimorfismo sexual. São normalmente sociáveis entre si, mas bastante agressivos para com os outros pássaros, sendo a espécie de Agapornis com maior número de mutações (Dirk, 2012).

Autor: Ron Scott | Fonte: Inaturalist (2016)
Já a Agapornis pullaria é a espécie que se encontra amplamente distribuída na zona ocidental e central de África. Ocorre em Angola nas províncias de Cabinda e Zaire. É a espécie menos criada em cativeiro, devido à particularidade da construção do seu ninho, que deve ser todo fechado de cortiça, para que o casal abra um canal onde no final deste coloca os ovos. Além disso, a espécie apresenta o hábito de sair várias vezes do ninho, o que faz com que haja necessidade de uma temperatura ambiente bastante alta para que os juvenis não morram de frio.

Autor: Mathias D’haen | Fonte: Inaturalist (2016)
Estado de conservação dos Agapornis

Os maiores indicadores do estado de conservação destas espécies estão determinados pelas ameaças impostas às mesmas. Essas são maioritariamente acções antrópicas, destacando-se a venda ilegal, destruição e fragmentação do seu habitat, e as alterações climáticas.
As espécies de Agapornis estão listadas na CITES (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens). O comércio internacional requer licenças detalhando os países de origem e destino dos indivíduos envolvidos. Além disso, uma declaração de comércio internacional de indivíduos criados em cativeiro é obrigatória para CITES espécies. Porém, a espécie Agapornis roseicollis foi retirada da lista espécies que necessitam de licenças desde 2005.
De acordo com a lista vermelha de espécies ameaçadas (IUCN) as nove espécies que pertencem ao género Agapornis possuem uma similaridade no seu estado, estando a maioria na categoria de menos preocupante (LC).
A espécie Agapornis nigrigenis encontra-se na categoria de Vulnerável (VU), sendo que a última avaliação do seu estado foi em 2016.
As espécies representantes em Angola (Agapornis roseicollis e Agapornis pullaria) estão classificadas como pouco vulneráveis (VU).
Recomendações
- O desenvolvimento da consciência em relação aos direitos de animais, leva o seu tempo e exige uma análise a nível de contextos culturas e sociais. Defenda os animais, eles não têm vozes como o ser humano. Informe-se sobre a declaração dos direitos dos animais emitida pela UNESCO.
- Caso tenha questões sobre uma espécie, informe-se.
- De acordo com a realidade actual, tem-se a necessidade da actualização da lista vermelha em relação às espécies do género Agapornis.
- Denuncie actividades que são consideradas violação dos direitos dos animais.
- Colabore com organizações dedicadas à preservação e protecção da biodiversidade e ambiente.
Considerações finais
Os Agapornis ou periquitos do amor são de origem africana, mas hoje estão espalhados em todo mundo. Podem tornar-se muito sociáveis, são muito dóceis, interagem muito com seus donos, e isto permite que muitos tenham as aves conservadas em gaiolas como animais de estimação.
Devido a grande pressão antrópica que essas aves têm sofrido nos últimos anos, a realidade atual exige esforços para a conservação e preservação dos Agapornis, pois assim como outras aves, os pássaros de amor possuem um papel fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico e para o homem.
Portanto, devemos nos conscientizar que a relação do homem com a natureza é fundamental, e a protecção da fauna deve ter como objectivo, não apenas o ambiente em benefício do próprio homem, mas também a protecção dos animais em si, uma vez que todos têm o direito de viver.
“…. Tanto a vida do homem quanto a do animal possuem valor. A vida é valiosa independentemente das aptidões e pertinências do ser vivo. Não se trata de somente evitar a morte dos animais, mas dar oportunidade para nascerem e permanecerem protegidos. A gratidão e o sentimento de solidariedade para com os animais devem ser valores relevantes na vida do ser humano”. Danielle Tetu Rodrigues
Referências
https://drive.google.com/drive/folders/1C09kAHogE6bXhCjBhMT3q2eWjajCGKAb


A Eco Angola é uma organização que promove a sustentabilidade com objetivo de preservar o ambiente e promover o bem estar social.