Tendo em conta a Pandemia de Coronavírus que assola o mundo neste 2020, considerando os grupos de risco identificados (idosos, fumadores, asmáticos, hipertensos, diabéticos e pessoas com o sistema imunitário fragilizado), e considerando as recomendações de prevenção dadas pela própria Organização Mundial da Saúde, verifica-se a necessidade de as pessoas fortalecerem o seu sistema imunitário, de forma a reduzir o número de pessoas que fazem parte destes grupos de risco.
É sabido que para um sistema imunitário forte é necessária uma boa alimentação rica em nutrientes, vitaminas, proteínas, minerais, gorduras boas, etc. Assim, nada melhor que uma dieta vegetariana ou vegana para este fim, visto que já se comprovou que estas dietas são as mais saudáveis. A título de exemplo temos o Guia Alimentar Para a População Brasileira, lançado em Novembro de 2014 pelo Governo brasileiro, que admite que os produtos de origem animal são prejudiciais à saúde. Há também o famoso documentário What The Health que explica em detalhe o impacto da carne na saúde. Normalmente quando alguém se encontra com a saúde debilitada, frutas e verduras são aconselhadas e nem tanto a carne, aliás, e a título de exemplo, cura-se a gripe e problemas respiratórios com alimentos como gengibre, limão ou laranja, alho, etc., e não com um bife. Normalmente os médicos recomendam um maior consumo de vegetais e frutas e a redução de carne para o tratamento de várias enfermidades.
Um aspecto importante a ter em conta é que o consumo de carne está associado a doenças cardiovasculares, cancros, e outras doenças, e está associado a quase todas as causas de mortalidade, como mostra um estudo feito pela JAMA Internal Medicine. Para melhor entender este fenómeno é importante ter em conta a quantidade de insecticidas nos alimentos que o gado consome, bem como toda a medicação dada a estes animais, tais como antibióticos, vacinas e até o uso de esteroides por parte de muitos produtores, para que os animais atinjam um certo tamanho mais rapidamente. Estes medicamentos servem para matar as bactérias causadoras de doenças presentes nos animais que representam um risco para a saúde humana, no entanto, já se verificou que diante do excessivo e frequente uso desses medicamentos, muitas bactérias tornaram-se resistentes e a transmissão dá-se a mesma. Mesmo nos casos em que as bactérias são eliminadas, a quantidade de químicos e medicamentos existentes na carne é que causa as doenças mais graves no ser humano, visto que as bactérias podem causar doenças como a salmonela, mas são os químicos e medicamentos presentes na carne que vão causar o cancro, por exemplo.
É necessário lembrar ainda que estudos recentes indicam que o Coronavírus pode ter surgido de parasitas que habitam em pangolins, animal muito comercializado no mercado clandestino por causa da sua carne, assunto já abordado no artigo “A Problemática dos Pangolins e o Covid-19“.
Com isto dito, o vegetarianismo e principalmente o veganismo, são as dietas mais “confiáveis” perante esta pandemia. Estas dietas baseiam-se no consumo de uma variedade enorme de produtos de origem vegetal, desde legumes, hortaliças, sementes, leguminosas, leites vegetais, fruta, frutos secos, etc., o que garante a supressão de quaisquer carências nutricionais.
É de ressaltar também que a proteína vegetal é comprovadamente mais saudável que a proteína animal. Há uma crença que só a carne contém proteína e que ao aderir a este tipo de dieta haverá uma deficiência de proteínas, no entanto a proteína é algo que existe na maioria dos alimentos e não se pode esquecer que os próprios animais (herbívoros ou omnívoros) vão buscar proteína em fontes vegetais.
Chama-se a atenção dos leitores, principalmente aqueles que já consideram adoptar estas dietas, para o facto de que o momento perfeito para começar é este; é exactamente este cenário de pandemia que exige cuidados com a saúde por parte dos seres humanos, e que faz com que este momento seja o ideal para a adopção destas dietas. Vale a pena começar agora e sentir os benefícios e mudanças no corpo e sentir que directa ou indirectamente estamos a combater este vírus.
A ponto de curiosidade ficam aqui alguns factos interessantes relacionados a esta temática:
- A dieta dos gladiadores romanos, conhecidos por serem homens extremamente fortes da antiguidade, levando uma vida de combate, era maioritariamente vegana como mostra um estudo feito pela Universidade de Medicina de Viena;
- Atletas profissionais de várias regiões do mundo já começaram a adoptar a dieta vegana pois afirmam ter um melhor desempenho físico com esta dieta. Para além de sentirem mais energia, apresentam uma recuperação bem mais rápida das suas lesões. Isto é explicado no documentário Game Changers que une vários atletas profissionais que falam dos seus hábitos alimentares;
- O homem mais forte da Alemanha e um dos mais fortes do mundo, o fisiculturista Patrik Baboumian, segue uma dieta, e já levantou até 560 kg no Poke Walk, em 2015 na Alemanha batendo o seu próprio recorde;
- Estima-se que cerca de 65% da população mundial apresenta intolerância à lactose;
- Alguns estudos apontam que a proteína vegetal está associada a um melhor desempenho físico, reduz a probabilidade de doenças cardiovasculares, está pouco associada a todas as causas de mortalidade, e está associada à diminuição de até 50% da infertilidade nos ovários;
- A ingestão de leite de vaca está associada à redução dos níveis de testosterona nos homens;
- Os estudos que indicam os benefícios da carne para a saúde normalmente são patrocinados pela indústria da carne ou companhias de fast-food, de forma semelhante à propaganda do tabaco antigamente, onde estas companhias pagavam por estudos com resultados distorcidos e ainda pagavam a atletas para fumarem e publicitarem o tabaco como fazendo bem à saúde e melhorando o desempenho físico.
Fica então uma sugestão de alimentos necessários para uma dieta vegetal, rica em vitaminas, fibras, proteínas, gorduras vegetais boas e minerais:
- Leguminosas (principal fonte de proteínas e fibras vegetais, contém também ferro, potássio, magnésio e zinco) – Feijões, soja, grão de bico, amendoim, ervilha, lentilha, favas, tremoços, etc;
- Legumes (ricos em vitaminas e minerais) – batata, cenoura, milho, beterraba, cebola, mandioca, pimento, nabo, quiabo, beringela, etc;
- Verduras (ricas em muitos minerais e vitaminas) – alface, agrião, acelga, couves, espinafre, brócolos, couve-flor, alcachofra, gimboa, rama, etc;
- Frutas (ricas em vitaminas e proteínas) – maçã, ananás, laranja, pêra, tomate, mamão, manga, abacate, etc.
- Frutos secos, de casca rija e sementes (ricos em vitaminas, proteínas e gorduras boas) – passas, tâmaras, nozes, amendoins, amêndoas, sementes de chia, linhaça, sésamo, girassol, etc.
- Cereais (ricos em vitaminas, proteínas e minerais) trigo, aveia, soja, cevada, arroz, milho, etc.
- Leites vegetais (ricos em vitaminas, proteínas e minerais) – leites vegetais de arroz, aveia, soja, nozes, amêndoas. Existem também muitos iogurtes vegetais e outros derivados vegetais.
Esta última parte deste artigo (sobre os alimentos) foi retirada do artigo da Verdade sobre o Consumo da Carne que aborda o impacto que a industria da carne tem no meio ambiente, mas fala também dos benefícios das dietas vegetarianas e veganas para a saúde.
Para mais informações sobre a dieta vegana, poderá visitar o site oficial da comunidade vegana existente desde 1944 aonde vários assuntos relacionados ao veganismo são abordados, desde alimentos, saúde, carências nutricionais, questões ambientais, protecção animal, etc: https://www.vegansociety.com/.
Colaboradora voluntária da EcoAngola e estudante de Direito no Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais (CIS) de Luanda
