No dia 5 de Maio de 2021, realizou-se um encontro com representantes de supermercados na Universidade Católica de Angola, em Luanda, com o objectivo de discutir desafios, soluções alternativas e oportunidades para despertar a consciência e responsabilidade dos consumidores em relação ao uso indiscriminado de sacos de plástico.
Uma das metas deste encontro foi de criar uma estratégia cooperativa para contribuir para a construção da consciência do consumo responsável por parte dos cidadãos, e ao mesmo tempo, promover a responsabilidade socio-ambiental que as empresas podem ter na sociedade.
Participaram deste encontro a Delegação da União Europeia, representada pela sua Embaixadora, Sua Exa. Jeannette Seppen, representantes do supermercado Alimenta Angola e representantes do supermercado Deskontão. Este encontro foi moderado pela Directora Executiva da EcoAngola, Erica Tavares.
O encontro teve uma fraca aderência por parte das empresas de distribuição e comércio em Angola que foram convidadas, participando apenas duas, levando-nos a concluir que necessitamos de mais acções de advocacia para o envolvimento do sector privado na responsabilidade socio-ambiental. Ainda assim, o encontro foi bastante proveitoso, conseguindo-se identificar alguns dos principais desafios enfrentados por este sector em termos de consciência ambiental e das dificuldades em implementar iniciativas do género em estabelecimentos de comércio.
Uma das empresas explicou que há sensivelmente três anos utilizavam-se cerca de um milhão de sacos plásticos descartáveis por mês, mas que após a implementação de formações aos trabalhadores e fornecendo alternativas como caixas de papelão e sacos reutilizáveis, este número reduziu para 400.000 sacos por mês. Apesar de ter havido uma grande redução, ainda se verifica muita resistência por parte dos clientes em recorrer a estas alternativas. Uma outra empresa implementou uma campanha de venda de sacolas reutilizáveis e passou de 24 mil sacos de plástico descartável por dia há quatro anos, para 20.000 sacos de plástico por dia, actualmente.
Os representantes dos grupos de grande distribuição disseram ainda ter uma motivação económica em reduzir o consumo de plástico descartável nas lojas, pois representam um custo suplementar. Alguns já tentaram introduzir opções alternativas, como palhinhas de madeira para acompanhar o café, mas todos estes produtos são importados e difíceis de adquirir no actual contexto económico. Os distribuidores apontaram alguns dos factores que impedem a sua redução efectiva. O contexto jurídico não favorece o controlo de consumo do plástico por ausência de medidas legais apropriadas e sobretudo, de fiscalização por parte das autoridades competentes para verificar a boa implementação das normas. O ambiente educativo e cultural representa outro obstáculo importante ao consumo mais moderado de plástico nas lojas, pois a população, incluindo clientes e funcionários das lojas, é muito apreciadora de sacos de plástico. Os clientes levam geralmente várias embalagens por acreditar que é um dever da loja oferecer os sacos, ou ainda porque optam por produtos já embalados para controlar precisamente que preço vão pagar.
Concluímos que alguns dos distribuidores demonstram alguma sensibilidade ambiental, mas ainda numa escala bastante reduzida e que o nível de consciência dos cidadãos acaba por dificultar a introdução de alternativas aos plásticos descartáveis.
Estas empresas mostraram-se bastante preocupadas com a problemática do plástico, reconhecendo que são um dos principais agentes na cadeia de fornecimento de plástico, e comprometeram-se a apoiar o projecto, através de acções conjuntas e estratégicas, investindo numa maior sensibilização ambiental dos seus clientes e trabalhadores.
Com esta colaboração, tencionamos incentivar as demais organizações comerciais a aderirem a iniciativas de sensibilização sobre o consumo responsável dos cidadãos, inspirando o desenvolvimento de soluções internas e locais, ajudando assim no combate à poluição plástica no país.
Este encontro teve o apoio da empresa PT-ÁGUAS, LDA., com a marca SAUDABEL, parceiro colaborador do projecto Angola sem Plástico, que nos ajuda a reduzir a produção de plástico descartável durante as actividades e eventos, fornecendo galões de água potável e bebedouros móveis.
O Projecto Angola sem Plástico é um projecto piloto financiado pela União Europeia, implementado em colaboração com a EcoAngola, que tem como objectivo a implementação de uma campanha de sensibilização sobre o consumo responsável do plástico descartável (de uso único), particularmente sacos de plástico descartáveis.
[Para conhecer mais sobre este projecto clique aqui]
A Eco Angola é uma organização que promove a sustentabilidade com objetivo de preservar o ambiente e promover o bem estar social.