O aumento populacional e consequente procura e pressão na exploração de recursos naturais têm vindo a tornar evidente a necessidade de se avançar para um paradigma mais sustentável e uma economia mais “verde” que assegure o desenvolvimento económico e a melhoria das condições de vida, sem comprometer o abastecimento de bens as gerações futuras.
O que é a Economia Circular?
A Economia Circular assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, e é vista como um elemento chave para promover a ruptura entre o crescimento económico e o aumento de consumo de recursos de forma indiscriminada. Trata-se de um sistema que se inspira na própria natureza, que gera recursos a longo prazo de forma contínua de reabsorção e reciclagem, promovendo um modelo económico reorganizado num círculo fechado.
O conceito de Economia Circular, vem da necessidade de se substituir o conceito de fim-de-vida da economia linear, que consiste na produção de bens através da extração de recursos virgens da natureza, consumo dos produtos daí resultantes e descarte dos mesmos sem a sua revalorização e reciclagem.
O actual paradigma, centrado num modelo linear, que levanta questões relativamente à disponibilidade de recursos, deixa empresas e países sujeitos à volatilidade dos preços destes mesmos recursos, dada a iminência de escassez dos mesmos.
Só em 2010 cerca de 65 mil milhões de toneladas de matérias-primas entraram no sistema económico prevendo-se que em 2020 este valor atinja os 82 mil milhões de toneladas.
A Economia Circular vai além da gestão de resíduos e da reciclagem, no sentido em que visa o desenvolvimento (design) de novos produtos, cujas componentes possam ser desmontadas e recuperados, de modo a poderem voltar ao processo produtivo. Ou seja, produtos e serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes de forma cíclica (ex.: retoma dos resíduos ao fabricante para destinação apropriada). Surge também como uma forma de enfrentar problemas não apenas ambientais, mas também sociais, decorrentes da globalização dos mercados e o actual modelo de economia linear de extração, produção e eliminação.
A HP (Hewlett-Packard), por exemplo, reutiliza os plásticos, metais e outros materiais duráveis dos componentes dos seus produtos informáticos e oferece sistemas de reciclagem, manutenção, reparação e utilização do conteúdo reciclado em novos produtos.
Resumidamente, o modelo de economia circular oferece os seguintes benefícios:
- Oferece estratégias de longo prazo face a desafios como volatilidade no preço de matérias-primas e redução dos riscos de escassez;
- Novos modelos de negócio, tais como programas de retoma dos resíduos e novas relações com clientes;
- Criação de produtos e serviços que dão nova vida aos resíduos, contribuindo para a conservação dos recuros naturais, redução de emissões e por conseguinte, ajudando no combate às alterações climáticas.
A Economia Circular é assim apresentada como um catalisador para a competitividade e inovação, no sentido em que abre portas para novas soluções para a circularidade dos bens. É um conceito ainda muito associado às economias mais desenvolvidas, onde a educação ambiental e os comportamentos ambientalmente responsáveis começam a ter mais expressão.
Em Angola ainda temos algum caminho a percorrer. Mas o mais importante é começar.
Este vídeo ajuda a ter um entendimento claro do conceito de Economia Circular: https://www.youtube.com/watch?v=3FH3_zjh85g&feature=emb_logo
Fontes:
https://eco.nomia.pt/pt/economia-circular/estrategias
https://www.ecycle.com.br/2853-economia-circular.html
https://www.ideiacircular.com/4-empresas-que-se-destacam-no-design-circular/
Coordenadora da Campanha de Resíduos e Reciclagem da EcoAngola, licenciada em Gestão de empresas pelo ISEG em Lisboa, Portugal e MBA pela Universidade de Surrey, Reino Unido.