As emissões globais de gases de efeito de estufa estão a aumentar, a perda de biodiversidade continua a acelerar e a desigualdade social está cada vez mais acentuada, com a maior parte dos ecossistemas do planeta a deteriorar-se. As assimetrias económicas, a pobreza e os conflitos regionais provocam imigrações em massa e crises humanitárias de grandes proporções. O problema da sobrepopulação coloca mais pressão sobre o sistema económico e ecológico, dificultando ainda mais a gestão dos países em desenvolvimento. Muitos destes, tendem a olhar para a responsabilidade social corporativa das companhias multinacionais como a solução para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Será a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) a solução para a promoção da sustentabilidade, da conservação ambiental e do bem-estar social?
A responsabilidade social corporativa descreve o compromisso das empresas para com o desenvolvimento sustentável, tendo em conta os factores económicos, sociais, ambientais e éticos. Para além dos requisitos legais, há uma série de princípios, normas, acções e compromissos que as empresas voluntariamente assumem para gerir riscos operacionais e reputacionais, terem visibilidade e aceitação pela comunidade, terem uma vantagem estratégica competitiva e criar valor compartilhado (accionistas, funcionários, comunidade, parceiros, fornecedores).
Qualquer empresa que se queira manter no mercado a longo prazo, terá necessariamente de pensar na sustentabilidade de seus negócios de uma forma abrangente, ou seja, que beneficie não só os seus clientes, funcionários e accionistas, mas também a sociedade e o ambiente. Por outro lado, é importante que tenhamos consumidores e investidores responsáveis. Os consumidores responsáveis normalmente seleccionam produtos e serviços de empresas que tenham práticas mais sustentáveis, enquanto que os investidores socialmente responsáveis geralmente evitam investir em empresas que considerem ter um impacto negativo na sociedade e no ambiente.
Embora a RSC possa ser uma força positiva para contribuir para a sustentabilidade, esta não é suficiente para suprir todas as necessidades da sociedade. As empresas têm de satisfazer os investidores (nem todos são socialmente responsáveis) e os consumidores (que também nem todos são responsáveis), num sistema económico que promove a competitividade e o consumismo. Deste modo, apelar para a consciência ambiental e social dos accionistas, empresários e investidores, que estão interessados em maximizar os seus lucros, num ambiente de negócios altamente competitivo, por si só, não será a solução para os problemas sociais, económicos e ambientais, quer a nível local, quer a nível global.
Precisamos de políticas ambientais e sociais mais justas. Acima de tudo, precisamos de ajustar as políticas económicas ou mesmo ajustar o modelo económico global, para promover uma melhor partilha da riqueza entre os mais ricos (minoria) e os mais pobres (a vasta maioria da população) e para permitir um desenvolvimento económico mais equilibrado entre países e regiões. Enquanto isto não acontecer, continuaremos a ver os lucros imediatos a sobrepor-se aos riscos de longo prazo, num mundo dominado pelos interesses políticos e económicos, com o poder demasiado concentrado nas grandes corporações multinacionais.
É necessário estabelecer políticas públicas que acelerem a transição energética dos combustíveis fósseis para energias limpas, de forma a reduzirmos as emissões de gazes de efeito de estufa e podermos cumprir com o Acordo de Paris. O actual ritmo da transição energética não é suficiente para cumprir este acordo, ou seja, manter a temperatura global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais. É fundamental termos políticas públicas que promovam a implantação de práticas agrícolas sustentáveis, pois as práticas atuais, não só provocam desertificação e degradação dos solos, como também contribuem substancialmente para as emissões de gazes de efeito de estufa.
Precisamos de fazer muito mais para proteger os ecossistemas, preservar a biodiversidade, reduzir a poluição, promover a reciclagem e reduzir a pegada ecológica global.
A falta de acção por parte dos governos em adoptar políticas públicas que promovam uma mudança radical desta trajectória ambiental e social global desastrosa, irá certamente ter consequências graves para o futuro do planeta. Como era de esperar, a sociedade tem reagido com manifestações pelo mundo inteiro, mobilizando milhões de pessoas, na sua maioria jovens, a exigir dos governos dos respectivos países, acções imediatas para travar o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Por outro lado, parece haver um processo de mudança de mentalidade e atitude por parte dos investidores e consumidores. De acordo com a Bloomberg, o investimento socialmente responsável global cresceu 34% nos últimos 2 anos, atingindo $30.7 triliões de dólares. É notório que os consumidores têm tido cada vez mais consciência nas suas escolhas e têm exigido politicais económicas, sociais e ambientais mais justas.
E eu? O que devo fazer para ser um investidor e um consumidor responsável? O que é que eu posso fazer para ajudar a promover a sustentabilidade e conservação ambiental?
Aqui vão algumas sugestões:
- Reusar, reciclar e reduzir o consumo
- Reduzir o consumo de plásticos de uso único (sacos, palhinhas, copos)
- Reduzir o consumo de carne, devido ao impacto excessivo para o ambiente e para o clima.
- Aderir ao Movimento Verde da EcoAngola, ajudando a promover a sustentabilidade e conservação ambiental.
Co-fundador da EcoAngola