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Pinípedes de Angola

Lobo-marinho-do-cabo (Arctocephalus pusillus)

Os pinípedes são mamíferos adaptados ao ambiente aquático, no entanto, dependem da terra para apanhar sol, descansar e reproduzir. Possuem corpos musculosos e elegantes e, apresentam uma camada espessa de gordura sob a pele que ajuda a reduzir a perda de calor do corpo no ambiente frio. Essa camada de gordura também armazena energia e faz com que a forma do seu corpo possibilite que se movam rapidamente na água. Estão divididos em três famílias:

As características deste animal variam consoante a família. Podem ser encontrados em diversas partes do mundo, porém são mais numerosos em águas de regiões temperadas e polares. Podem deslocar-se a grandes distâncias para procurar alimento, realizar migrações sazonais em busca de melhores condições ambientais e para locais onde ocorrem colónias de reprodução.

Focas em Angola – um Mito?

Text Box: Figura 1: Foca-comum (Phoca vitulina). Foto: wildlife photos/Shutterstock.com (https://www.infoescola.com/mamiferos/foca/)
Foca-comum (Phoca vitulina). Foto: Wildlife photos

Ao contrário do que muitos pensam e dizem, não existem focas em Angola. O que muitos chamam de focas são na verdade Lobos-marinhos. A foca é um mamífero com barbatanas, adaptado a uma vida aquática, sendo capaz de sobreviver dentro e fora da água, no entanto, tende a ser muito desajeitada em terra.

A sua distribuição geográfica depende de cada espécie, mas maioritariamente habitam águas circumpolares e de latitude temperada nos Hemisférios Norte e Sul, tendo uma espécie, Phoca vitulina, que habita águas subtropicais no Oceano Pacífico.

Quais pinípedes podem ser encontrados em Angola?

Dentro da diversidade de pinípedes encontrados pela costa de Angola, destaca-se o lobo-marinho-do-cabo (Arctocephalus pusillus). Existe uma grande colónia destes na Baía dos Tigres (Namibe), e alguns indivíduos são encontrados nas regiões a norte de Luanda  em determinada altura do ano (tempo frio). Outras espécies aparecem ocasionalmente ao longo da costa angolana, como o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis) e o elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina) [Huntley, B., 2019, “Biodiversidade de Angola”].

Lobo-marinho-do-cabo

A espécie Arctocephalus pusillus apresenta duas subespécies, A. p. pusillus e A. p. doriferus. A diferença entre estes está na crista, que é proporcionalmente maior no A. p. pusillus.  Também se encontram separados pelo oceano Índico, sendo que A. p. pusillus  encontra-se em África e A. p. doriferus na Austrália. O lobo-marinho-do-cabo (A. p. pusillus) é o único pinípede que se reproduz em Angola, encontrando-se várias colónias na Baía dos Tigres.

Características gerais e classificação taxonómica

Sua pelagem é cinza ou preta e é mais clara na zona ventral. Apresentam dimorfismo sexual, onde o macho é cinco vezes maior que a fêmea, com cabeça, pescoço e peito proporcionalmente maior. Geralmente os machos adultos medem 2,0-2,3m de comprimento e pesam cerca de 247kg. As fêmeas adultas apresentam de 1,2-1,6cm de comprimento e pesam em média 57kg.

Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Mammalia
Ordem:Carnivora
Subordem:Pinnipedia
Família:Otariidae
Género:Arctocephalus
Espécie:A. pusillus pusillus
Classificação Taxonómica, segundo a Animal Diversity Web.

Distribuição geográfica, habitat e alimentação

A distribuição do lobo-marinho varia ao longo da costa sudoeste e sul da África, indo desde da Baía dos Tigres (sul de Angola), ao longo da costa da Namíbia até a baía de Algoa (África do Sul). Passam a maior parte do ano no mar, porém não muito longe da terra. A criação ocorre em pequenas ilhas na areia ou nas rochas. Não são considerados migratórios, pois permanecem dentro dos seus limites, deslocando-se apenas para alimentar-se.

Estes animais são carnívoros, sendo que os peixes representam cerca de 70% de sua dieta, lulas 20% e caranguejo 2%. Também comem crustáceos, cefalópodes e algumas vezes até aves.

Como a maioria dos mamíferos marinhos, eles armazenam oxigénio suficiente e nadam abaixo da superfície até a profundidade em que sua presa específica está localizada. São mergulhadores de superfície, atingindo uma profundidade média de cerca de 45 metros por aproximadamente três minutos, embora possam mergulhar até 204 metros por aproximadamente 8 minutos, quando necessário.

Reprodução

A época de reprodução começa em meados de Outubro. Nessa altura, os machos vão para a terra para estabelecer territórios por exibições e/ou batalhas. Eles não comem novamente até acasalar (por volta de Novembro ou Dezembro), para não correrem o risco de outro macho ocupar o seu território.

As fêmeas chegam à terra um pouco mais tarde, podendo também lutar entre si por territórios onde irão dar à luz. Os territórios femininos estão sempre dentro dos territórios masculinos e as fêmeas localizadas no território de um determinado macho tornam-se parte de seu harém.

A gestação tem uma duração de aproximadamente 11 à 12 meses. Ao chegar às áreas de reprodução, as fêmeas dão à luz (apenas uma cria), da gestação da temporada anterior e vai amamentá-la durante uma semana. Finda a semana, elas acasalam novamente e vão para o mar alimentar-se, por cerca de 5 dias, retornando em seguida para terra, para amamentar o filhote.

Os  filhotes de lobo-marinho nascem no final de Novembro ou no início de Dezembro. Os filhotes começam a nadar cedo. Aos quatro/cinco meses, começam a suplementar sua dieta com crustáceos e peixes, sendo a lactação contínua, até o próximo filhote nascer.

Etologia e ecologia

Normalmente, reúnem-se durante os meses mais quentes, em grandes viveiros nas praias ou afloramentos rochosos para dar à luz.  São polígamos, ou seja, o macho pode acasalar com mais de uma fémea.

As fémeas têm o que é chamado de “chamada de filhote”. Quando a mãe volta do mar para alimentar seu filhote, ela emite um som alto. Ao ouvir, todos os filhotes em terra chegam até ela, mas ela responde apenas ao seu próprio filho. Acredita-se que ela use o cheiro, para distinguir seu filhote dos outros. Os filhotes, quando sozinhos, ficam em grupos e brincam à noite.

Estado de Conservação

Apresentam estado pouco preocupante, estando a sua população a aumentar no país. Porém, ainda sofrem através da caça furtiva por intermédio dos pescadores e que acreditam que eles estejam a prejudicar seu sustento, destruindo a suas redes. O homem é também considerado uma das grandes ameaças aos lobos-marinhos devido à poluição. Plástico, pedaços de rede e pedaços de linha de pesca, matam e ferem milhares destes seres vivos todos os anos.

As ameaças não humanas incluem orcas, tubarões brancos e até as arraias podem causar alguns ferimentos perigosos. Às vezes, os filhotes deixados em terra também são levados por predadores terrestres, como chacais.

Qual a diferença entra as focas e os lobos-marinhos?

As focas não apresentam orelhas, mas têm aberturas externas grandes bem adaptadas a audição. Possuem cor clara, geralmente cinza chumbo, algumas vezes com riscas brancas ou manchas em todo o corpo. Não são facilmente diferenciadas sexualmente (não há dimorfismo sexual). As barbatanas são relativamente curtas, o que dificulta a sua locomoção em terra. Têm garras longas e finas presentes em todos os dedos.

Já os lobos-marinhos, assim chamados porque emitem sons que parecem um uivo, apresentam orelhas. Os membros anteriores são relativamente maiores que o das focas e apresentam capacidade de rodar seus membros posteriores para a frente, apoiando seus corpos e permitindo-lhes uma melhor locomoção em terra. Apresentam dimorfismo sexual.

Dia Mundial dos Oceanos – 8 de Junho

No dia 8 de Junho celebramos o Dia Mundial dos Oceanos e por isso temos o prazer de informar sobre as espécies marinhas que reproduzem e passam por Angola, tornando a nossa Costa mais diversificada biologicamente.

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