EcoAngola

O lixo transportado pela chuva – Luanda 2020

As enormes quantidades de lixo produzidas em Angola têm causado diversos impactos negativos que contribuem para a crise ambiental, social e económica do país. Isto acontece por haver falta de consciência sobre o consumo de certos produtos, especialmente plásticos descartáveis, que são utilizados diariamente mesmo sem haver uma estratégia nacional funcional de gestão de resíduos. 

Organização das Nações Unidas (ONU) considera Luanda como uma das cidades com maior crescimento em África. Estima-se que em 2019 Luanda atingiu os 8,2 milhões de habitantes, aproximadamente 27% da população total de Angola. A sobrepopulação urbana causa uma enorme pressão na gestão de resíduos, sem que haja uma capacidade de resposta proporcional à quantidade de lixo produzido diariamente pela cidade. O que aconteceu neste final de semana na baía do Mussulo e nas praias de Luanda, não é novidade, mas a situação tem se agravado ao longo dos anos sem que haja solução à vista. 

Impactos da poluição 

Os plásticos são materiais não biodegradáveis de longa duração, muitos deles demorando séculos para se degradarem. Existem diversos impactos negativos que afectam o país devido à acumulação de lixo no mar e nos solos, dentre eles: 

– Impacto Económico: Aqui incluímos os gastos necessários para a limpeza e extracção das enormes quantidades de lixo transportado para o mar, os custos relacionados com a saúde pública, bem como o impacto no turismo, no comércio e até no investimento estrangeiro.  

– Impacto Ecológico: Interfere com o funcionamento dos ecossistemas marinhos. A cadeia alimentar é afectada porque peixes e aves confundem o lixo com comida.  

Só na semana passada (29.12.19 – 05.12.19) foram entregues mais de 1000 tartarugas bebés ao mar. Já pensou no quanto esta poluição marinha afecta a taxa de sobrevivência delas?

– Impacto Social: A poluição causada pelo lixo transportado para o mar e para as praias tem impacto negativo na saúde pública, pois cria condições propícias para a propagação de doenças contagiosas. A longo prazo, o plástico ‘degradado’ transforma-se em micropartículas que são ingeridas pelos peixes e outros animais marinhos, e acabam por entrar na cadeia alimentar humana. Este problema tem sido alvo de muitos estudos pois muitas doenças derivadas de mutações genéticas como o cancro, são desencadeadas pelos químicos que estes resíduos contêm e que hoje já se encontram no corpo de todos os seres vivos.  

[Ler Campanha de Plásticos e Campanha de Resíduos e Reciclagem

Estudos estimam que “cada pessoa ingere até 121 mil partículas de plástico por ano, equivalente a aproximadamente 320 partículas por dia.”

Recomendações para soluções imediatas e sustentáveis 

Existem várias soluções para o problema da gestão dos resíduos sólidos urbanos, mas muitas delas “varrem o lixo para debaixo do tapete”, ou seja, não resolvem o problema. Simplesmente armazenamos os resíduos fora do alcance dos nossos olhos.  

Deixamos aqui algumas recomendações que não só ajudariam na recolha dos resíduos urbanos, mas ajudariam também a reduzir a produção destes resíduos. 

  1. criação de um plano estratégico de gestão de resíduos é extremamente urgente. Um plano que vise enquadrar e impulsionar outros sectores produtivos, de forma eficiente e sustentável.  Algumas explicações são dadas abaixo. 
  2. Proibição da produção, comércio e uso de plásticos descartáveis (sacos, palhilhas, copos, pratos, etc.). Esta seria uma medida extrema, mas bastante eficaz para uma redução massiva na produção e comercialização de resíduos plásticos. Vários países Africanos já o fizeram com bastante sucesso. Ao mesmo tempo é necessário disponibilizar-se alternativas aos plásticos descartáveis, tais como sacos de pano, sacos de papel, bioplásticos e até alternativas como utilizar folhas de algumas plantas para embalar alimentos. Isto poderá criar novas oportunidades de negócio incentivar a criação de uma indústria de materiais mais sustentáveis. 
  3. É extremamente urgente e necessário que se implemente um sistema de recolha selectiva e tratamento com reciclagem de resíduos em Angola. Já existem soluções testadas e implementadas noutros países que podem ser facilmente adaptadas e implementadas em Angola, para podermos fazer a reciclagem de produtos como plásticos, metais, pneus. resíduos orgânicos e vidro. Os resíduos orgânicos podem ser transformados em biofertilizantes sem haver a necessidade de se usar fertilizantes à base de químicos, que são nocivos ao ambiente. 
  4. As valas de drenagem existentes deveriam ser cobertas para se evitar que a população as use como depósito de lixo. No final das valas deveria haver um sistema de filtragem e recolha de resíduos sólidos, que já tem sido muito utilizado em vários países, conforme mostramos na imagem abaixo. 
  5. Fazer uma campanha massiva e contínua de educação e sensibilização ambiental a nível nacional, com especial atenção as escolas, instituições públicas, e comunidades. 

O que a EcoAngola está a fazer e o que tu podes fazer 

É dever e responsabilidade de todos nós de termos atitudes e práticas que beneficiem toda a sociedade. Pequenas atitudes diariamente causam um impacto grande e aqui deixamos algumas dicas para reduzirmos o lixo que produzimos: 

A EcoAngola está a tentar despertar os cidadãos angolanos sobre práticas mais sustentáveis e ecológicas, promovendo melhores práticas que visem a conservação do ambiente e a melhoria da qualidade de vida. Criamos o Movimento Verde para que organizações e pessoas possam adoptar estas práticas e ajudar a melhorar a consciência ambiental na nossa sociedade para que juntos enfrentemos a presente crise ambiental e social que assola o país e o mundo. Regista-te e junta-te à família do Movimento Verde da EcoAngola! Também te podes voluntariar em projectos, campanhas e iniciativas da EcoAngola. Basta acompanhares as nossas campanhas, eventos e actividades no nosso website e redes sociais – não há desculpas! 

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