Domingo, 01-Setembro-2019. Uma caminhada de 8 horas pelo coração daquela que é uma das florestas mais emblemáticas de Angola, importante pelas suas características únicas, pela sua biodiversidade e por ser o habitat de várias das espécies de aves endémicas deste País. A maioria destas fotografias foi tirada no lado Oeste da escarpa a uma altitude que variou entre os 800 e os 950 metros acima do nível do mar. Chegados lá a primeira constatação é de que o ruido provocado pelas motoserras e pelas catanas, a cortar árvores, abafa quase que permanentemente todos os ruídos naturais da floresta. Quase não se conseguem ouvir os pássaros. A segunda constatação é de existem por todo o lado muitas e grandes clareiras provocadas pelo corte de árvores.
O desmatamento acontece todos os dias (era Domingo) e a um ritmo e escala assustadores. Em ambos os lados da serra do Engelo, nas escarpas da qual se encontra a floresta da Cumbira, o cenário é desolador e piora a cada dia que passa. De 50 em 50 metros vêem-se molhos de lenha à venda por todas as estradas e picadas da área. Estará a floresta da Cumbira condenada? Se nada for feito urgentemente para travar a desflorestação e proteger o que resta desta floresta receio que não dure muitos mais anos. Amanhã será tarde demais.
Serra do Engelo, floresta da Cumbira – Kuanza Sul
Por Rogério Ferreira, Angola Ambiente
