A ILUNGI organizou no dia 24 de Outrubro de 2019 um diálogo sobre meio ambiente e negócios com seguinte tema principal: “Meio ambiente como responsabilidade e oportunidade de negócios”. Participaram como prelectores o Co-Fundador da EcoAngola, Paulo Pizarro, a Co-Fundadora da Lox Recicla, Malaquize Bertulucci, o Presidente da Associação Nação Verde, Nuno Cruz. O evento contou com a participação de cerca de 30 pessoas no formato de mesa redonda, com bastante interacção entre os participantes.
O evento teve início às 16.00 terminou por volta das 19.00, com grande interesse e engajamento dos participantes.
Apresentamos um pequeno resumo da apresentação do Co-Fundador da EcoAngola:
Responsabilidade social corporativa como estratégia para o desenvolvimento sustentável
A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) normalmente descreve a contribuição voluntária das empresas para o desenvolvimento sustentável que vai além dos requisitos legais. A RSC tem a ver com um conjunto de acções tomadas pelas empresas que beneficiam as corporações e a sociedade, levando em consideração a economia, educação, meio-ambiente, saúde, transporte, habitação, actividade locais e conduta ética.
Mas é preciso ter em conta que este conceito surgiu na década de 70, numa altura em que a sociedade exigia uma maior contribuição das empresas em relação aos problemas sociais, ambientais e éticos.
Hoje, muitas das práticas que eram anteriormente consideradas RSC, hoje são procedimentos obrigatórios por lei (procedimentos relacionados com o ambiente, a força de trabalho e a ética empresarial). Contudo, muitas empresas continuam a comunicar estes procedimentos como se fossem parte da sua estratégia de RSC.
Embora a responsabilidade social corporativa seja uma força positiva para contribuir para a sustentabilidade, não é suficiente para resolver os graves problemas, económicos, sociais e ambientais globais.
Se quisermos promover o desenvolvimento sustentável do planeta, não basta termos políticas ambientais e sociais mais justas. Temos de ajustar as políticas económicas ou mesmo ajustar o modelo económico global, pois a economia é o veículo usado para transformar os recursos naturais em bem-estar social.
O Movimento Verde da EcoAngola
A EcoAngola promove a sustentabilidade e conservação ambiental através de artigos, campanhas, eventos, programas de educação ambiental e projectos.
O Movimento Verde da EcoAngola encoraja a adopção de políticas e práticas sustentáveis e conservadoras do ambiente a nível pessoal e organizacional. Adira, implemente e partilhe. Vamos criar um movimento verde para mudar a mentalidade e atitude das pessoas e organizações em prol da sustentabilidade e do ambiente.
Ambiente: Emergência global ou oportunidade?
O nosso planeta está à beira de uma crise ambiental sem precedentes. O crescimento populacional, as práticas industriais inapropriadas, a corrupção e a pobreza, contribuem para um consumo mais acelerado dos recursos naturais e a intensificação da degradação do ambiente. A não ser que haja uma acção global urgente, concertada e consistente, o desastre será inevitável e o planeta deixará de ser um habitat que pode suportar vida humana e animal.
Descrevermos aqui alguns desafios ambientais em Angola, que podem também ser transformados em oportunidades.
Poluição – De acordo com a OMS, Angola é um dos países africanos com maior taxa de mortalidade associada à poluição atmosférica, com 50 pessoas em cada 100 mil a morrerem devido à exposição a ar exterior poluído.
Mudanças Climáticas – De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as alterações climáticas matam diariamente em Angola, principalmente na zona sul (províncias do Cunene, Cuando Cubango, Huila e Namibe), afectada desde 2018 por uma seca severa. Isto constitui razão imperativa para a mobilização acelerada de recursos para mitigação e adaptação ao fenómeno.
Degradação dos solos – de acordo com a FAO, há três causas directas da degradação do solo em Angola: agricultura insustentável, desflorestação e o sobrepastoreio das áreas de pasto. A alta taxa de crescimento populacional, as queimadas descontroladas e o efeito das mudanças climáticas, também contribuem para a degradação dos solos em Angola.
Gestão dos resíduos – na Europa a taxa média de reciclagem é de 45%, enquanto que em Angola é praticamente zero. Isto quer dizer que quase todo o lixo produzido em Angola vai parar aos aterros, ao mar ou é incinerado, incluindo lixo tóxico.
Superpopulação – África e a Ásia (sul e este) são os maiores contribuidores para o crescimento populacional global. Angola tem uma das maiores taxas de crescimento populacional do mundo: 3.1% ao ano.
Desflorestação – em Angola as florestas estão a ser destruídas a um ritmo assustador, quer através da queima ou corte completo das árvores para produção de lenha e carvão ou para a indústria da madeira – entre 2001 a 2018, é estimado que Angola perdeu 2,69 milhões de hectares de cobertura arbórea (Global Forest Watch).
Perda de Biodiversidade – a caça, o desmatamento e as queimadas em Angola põem em risco de extinção inúmeras espécies de animais e plantas, algumas das quais só existem em Angola e potencialmente algumas nunca antes descobertas.
Seca – A seca no sul de Angola afecta 2.3 milhões de pessoas. Para além do Cunene, que é a região mais afectada, a seca abrange intensamente também o Cuando Cubango, Huíla, Namibe e Benguela.
Recomendações e soluções – Para minimizar o impacto destes desafios ambientais)
- Substituir os combustíveis fósseis por energias renováveis
- Travar a desflorestação e reflorestar as zonas desflorestadas
- Ajustar/adaptar os processos industriais
- Aplicar práticas agrícolas sustentáveis
- Reusar, reciclar e reduzir o consumo
- Reduzir o consumo de plásticos de uso único (sacos, palhinhas, copos, etc.)
- Promover a sustentabilidade e conservação ambiental
- Promover o ecoturismo sustentável
Por fim, promover uma economia verde baseada na partilha, colaboração, solidariedade, resiliência, oportunidade e interdependência. Podes começar o teu dever aderindo ao Movimento Verde da EcoAngola, ajudando a promover a sustentabilidade e conservação ambiental.