Os mangais são ecossistemas costeiros de extrema relevância para a biodiversidade e para o equilíbrio ambiental das regiões tropicais e subtropicais. Em Angola, particularmente na província de Luanda, desempenham um papel essencial tanto para a fauna e flora como para as comunidades que dependem directamente dos seus inúmeros recursos. Não obstante servirem como áreas de refúgio e reprodução para diversas espécies marinhas, esse ecossistema é de grande influência para a pesca artesanal que sustenta economicamente muitas famílias.
Por seguinte, as árvores de mangue servem como uma fonte de madeira para as comunidades que vivem em torno dessas zonas costeiras. Esta madeira, em grande parte proveniente de espécies como Rhizophora mangle, Rhizophora racemosa e Avicennia germinans, é utilizada principalmente como lenha, um recurso necessário em regiões onde o acesso à eletricidade ou gás é limitado.

Figura 1: Utilização da madeira dos mangais, evidenciando a interação entre a comunidade e o ecossistema
Além da madeira, a pesca em áreas de mangal é uma tradição profundamente enraizada, sendo uma fonte crucial de alimento e renda para estas comunidades. Sem práticas sustentáveis de pesca, como limites de captura e períodos de defeso, a tendência é a diminuição contínua da produtividade pesqueira.
Figura 2: Pescadores em atividade nos mangais, ilustrando a conexão vital entre as comunidades locais e a tradição da pesca.
Espécies como a Rhizophora mangle e a Avicennia germinans têm sido utilizadas há gerações no tratamento de uma variedade de doenças. A população afirma que as folhas, cascas e raízes dessas plantas são transformadas em remédios que combatem desde feridas até doenças respiratórias.
Figura 3: Folhas de mangues dos mangais de Luanda, utilizadas tradicionalmente para fins medicinais, como o tratamento de febres e inflamações.
Contudo, a exploração excessiva e a falta de práticas sustentáveis ameaçam sua integridade. Para equilibrar o uso desses recursos e garantir a conservação ambiental, é necessário implementar políticas de manejo sustentável e promover uma educação ambiental mais abrangente nas comunidades. Apenas por meio de acções conjuntas será possível garantir que esses ecossistemas continuem a beneficiar as gerações presentes e futuras.